Capítulo IV - Tem, mas acabou! - Parte II

Agora, algumas coisas merecem mais cuidado:
Feira livre, por exemplo.
Em São Paulo, se você quer o melhor, seja abacaxi, peixe, verdura, deixe por conta do feirante:
- Você escolhe para mim um mamão formosa? (O corretor do Word, ignorante, quer que eu escolha: ou é “um mamão formoso” ou “uma mamona formosa”. Ignorar sentença? Não, ignorar o Word!).
- Para (consumir) quando?
- Para depois de amanhã.
E, meio sério, meio brincando:
- A que horas?
E vai o lépido rapaz sopesar os formosas mais formosos, de acordo com o pedido, certo de que você voltará na semana que vem.
Já em Cudumundópolis do Sul, esse mesmo pedido, é entendido como
- eu sou um rematado idiota e quero que você me f*, por favor.
Porque, certamente, o cara vai escolher pelo menos duas laranjas passadas para a sua meia dúzia, ou um mamão com um lado – o que você não está vendo – machucado, e assim por diante.
E a maior ofensa possível é tirar dois feirantes do papo para que um te atenda! Principalmente se forem de sexos opostos!
Certamente a vingança virá!
Você levará quase só ou apenas porcarias para casa!
Nunca faça isso: é preferível voltar depois, ir ao fim da feira, disfarçar e comprar mais tarde o que você precisa.
Mas não interrompa o colóquio, nunca!
E porque não ir a outra banca?
Ora, porque não as há!
As feiras em Curitiba são de uma mísera quadra, sem direito a repetição.
As poucas que existem não competem entre si: são todas a mesma m*!
Há as feiras noturnas.
Bom.
Apenas que o atendimento e a qualidade são piores.
Uma boa idéia jogada fora.

Acresça-se a isto o fato de que todos os bons profissionais de Curitiba apenas estão lá, mas não são de lá.
Como, obviamente, são a minoria, acabam por não dar conta e/ou por terem junto profissionais de padrão inferior e/ou por contaminar-se pelo nível de atendimento inferior ou, enfim, dada a entropia dos sistemas, sendo afetados pelo fenômeno.
E azar dos consumidores, clientes e a da praça em geral.

Outra é assim:
- Tem, mas acabou...
- Será que teria em outra loja de vocês?
- Não sei...
- Você pode consultar?
Não responde e vai telefonar. Volta:
- Tem. Na loja do Alto da Quinze.
- Ah, que bom! E?!
- O Sr. vai lá buscar?
- Você não vai mandar trazer?
- Não, veja bem, é outra gerência e blá blá blá...
É sempre melhor consultar antes, por telefone, porque, se puderem complicar, ninguém vai facilitar.
Mesmo que sejam coisas tão difíceis de transportar de uma loja para a outra como um travesseiro...
Ás vezes me lembra de meu amigo Gilberto, bom baiano, que dizia que se via ser alguém de SP, no andar.
Porque “paulista anda como quem quer chegar”, dizia. “Baiano, anda pensando se chega”.
E acrescentava, para me provocar: a melhor coisa de SP é o vôo direto a Salvador.
Ora, diria eu de Curitiba que a melhor coisa é o vôo direto a SP.
Principalmente se você precisar de algum serviço.
Aliás, se precisar de gente para trabalhar, também: a melhor sala de entrevistas de Curitiba é o aeroporto de Congonhas!

Fazendo conhecimentos e amizades

Difícil, mas possível.
Hoje, por exemplo, o Diretor Comercial me procurou para dizer que esteve num churrasco sábado, e conheceu o cara de RH da XYZ, grande multinacional aqui instalada, e que fez amizade com o cara, e vai me passar nome e telefone, já que não nos conhecemos, mas eu vou gostar dele.
“Um carioca muito simpático”.
Aí, ele para a narrativa, pensa um pouco, e diz:
- Já reparou que todas as pessoas simpáticas que se conhece aqui, não são daqui?!
Já havia reparado.
Da mesma forma como todos os que são eficientes, eficazes ou profissionais.
Como o garçom atencioso, o segurança educado, o mecânico que cumpre, a balconista interessada, o manobrista sem complexo de Rubinho etc etc, nenhum deles nasceu em Curitiba.
Podem até ser do Paraná, mas são de Foz, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e afins.
São os “VIPs” (“vindos do interior do Paraná”).
Os curitibocas parecem ter feito curso para ficarem do jeito que são!

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2 comentários:

  1. Caro Alboino,
    adorei o "curutibocas". Me parece amelhor maneira de definir essa gente, que tanto já ouvi de você e de todos que lá esiveram. Um dia descobriremos o por que são assim?

    E com relação à pergunta que deixou no meu blog: pode usar o que e como quiser! Sempre.

    Anjos usam o que desejam, acredita? De cachos até lantejoulas...Deus é generoso...

    um beijo,

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  2. se CUritiba fosse bom não começaria com C*! eles teriam deixado a escrita oficial como Coritiba. "eles puderam escolher" e ao inves de deixar a cidade como Coritiba (a mesma escrita do time de futebol) resolveram mesmo deixar a cidade aquele C*!

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